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Procurando o 44

Procurando o 44

O Que Aprendi Com Os Meus Filhos....

27.08.15

Fui desde sempre ensinada que o papel dos pais e' ensinar aos filhos e não vice-versa. Que os filhos não tem idade suficiente para ensinar nada aos pais.

Tenho certeza que não fui a única a quem a nossa sociedade, ensinou desta forma, e por esta ordem. Desde pais, a professores, a médicos, etc. Os miúdos aprendem, os adultos ensinam.

Vivi 38 anos acreditando que eu tinha a obrigação de ensinar aos meus filhos; e eles aprenderem comigo, e não o contrario.

Ate' que um dia resolvi arriscar e colocar-me em primeiro lugar, na minha lista de prioridades. No inicio, tive medo. Medo de ser Egoísta. Não conseguia entender como me poderia colocar em primeiro lugar e não ser vista, ou pior, sentir-me egoísta. Mas arrisquei e em pouco tempo percebi como e' que todo o gigantesco puzzle se encaixava. Venci o medo e cresci.

Neste meu caminho, nesta minha nova forma de ver a Vida, chegou também o dia da viragem, em relação a ideia, de que quem ensinava era sempre eu, na relação entre mim e os meus filhos.

Um dia (porque a nossa vida esta' cheia deles e todos os dias são bons dias para se aprender) voltei a arriscar. E fiz-me ''A Pergunta'':

- '' E se....???''

E se eu não for mais que um portal de entrada deles, para esta Vida?

E se eu não for mais que uma mulher, escolhida a dedo por eles, sabendo eles previamente que eu vou ser sempre bem sucedida, pois eu tenho em mim, TUDO o que eles precisam para evoluírem?

E quando eu digo tudo, digo com meus pontos fracos e meus pontos fortes?

E se eles realmente não forem meus filhos da forma que me ensinaram a olhar para eles, mas sim uma espécie de meus verdadeiros ''irmaos''?

E se a minha missão enquanto mãe, e' ser apenas eu mesma, dando-lhes a conhecer e prepara'-los para a sociedade em que estamos e para aquela que esta a evoluir?

E se eles me escolheram para ambos evoluirmos juntos, isso significa que eu também posso aprender com eles?

Entre muitas outras perguntas, estas foram sem duvida, algumas das mais importantes que me atrevi fazer e tentar responder com o meu coração e um pouco de pesquisa, seguindo sempre a minha intuição.

Fui audaz. Arrisquei e continuo a se-lo e faze-lo.

Estas e outras perguntas e as minhas respostas, iluminaram ainda mais o meu caminho, a minha Vida.

Há Quarta-feira e' dia de Terapia da Fala com o Toma's. E a dada altura, também foi dia, de Terapia Ocupacional.

Foi numa dessas Quartas-feiras que Senti.

Senti que estava a levar o meu filho para o hospital, para ele ser ARRANJADO, como que se ele tivesse vindo com defeito de fabrico ou tivesse estragado.

Como que se Deus se tivesse enganado no que tinha feito.

A imagem da Doutora Brinquedos que o Toma's tanto adora veio imediatamente e impiedosamente a minha mente e Senti a Maior Vergonha da Minha Vida.

Quatro anos antes tinha começado as corridas aos hospitais, para ARRANJAR o João, que veio com DEFEITO: Dispraxia.

Agora estava eu a levar o Toma's para o ARRANJAR, também.

Percebi nesse dia e nos seguintes com maior clareza que eu não amava, os meus filhos, incondicionalmente.

Amar significa aceitar o outro exactamente como ele e'. Respeitar o outro significa aceita-lo como ele e'.

Eu não aceitei os meus filhos como eles eram. Como Deus os permitiu ser, como eles quiseram ser. Eu deixei-me ser guiada pela sociedade e deixei que ela me arranjasse um nome, para o que eu não gostava nos meus filhos, como forma de explicação, para o que eles eram e como eles eram.

Ja' me perdoei. Porque fiquei grata por ter acordado ainda nesta Vida.

Eu acreditei na sociedade e acreditei que eles estavam estragados, e que precisavam de algum tipo de conserto.

Não consegui ver, ate então, que eles, com a permissão de Deus, e com a ajuda dos seus Anjos da Guarda ou Guias Espirituais (como preferirem), sabem bem dos obstáculos que iriam e irão enfrentar e dos desafios a que se propuseram, ao escolherem suas vidas e seus corpos.

Mais, que para EU evoluir, precisaria de olhar para eles como iguais, apenas com diferentes responsabilidades. E desta forma, eles escolheram-me também, para me ensinarem e não somente para aprenderem comigo.

Comecei a questionar ainda mais a presença dos meus 3 filhos na minha vida. Agora eu percebia e acreditava que tinha grandes lições para aprender...com eles.

Algumas das mais importantes lições que aprendi, ate' agora, com cada um deles, vou começar a partilha'-las aqui.

Aprendi já tanto, mas tanto, com eles, que me sinto uma autentica privilegiada.

Uma honra ser Mãe deles e uma honra ter 3 mestres como cada um deles.

Permitam-se Ser Felizes.

PS. Sejam audazes e arrisquem questionarem-se.

 

 

 

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