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Procurando o 44

Procurando o 44

Estou sem voz (ou nao)....

03.03.15

Estou com gripe e completamente afónica e sei bem porque.

Mas vou apenas falar sobre o porque de estar afónica. A semana passada, na sexta-feira a professora do Tomas veio ter comigo e dizer-me que ele não quer aprender. Que e preguiçoso. Uma parte de mim, confesso, sem ponta de orgulho, quis apertar-lhe o pescoço, a outra olhava para ela com ar de quem já sabia disso e portanto, nada estava a ser novidade. Porque há meses, que na verdade, eu já sabia disso.

Para qualquer criança o começo de escola pode ser difícil de lidar. Para o Tomas foi exactamente assim. Extremamente difícil. Se tivermos em conta que estamos a falar de uma criança de 4 anos, que aparentemente esqueceu todo o inglês que aprendera durante, o ano lectivo anterior na pré-escola, durante 3 horas por dia, percebemos que poderiam existir realmente algumas dificuldades, na adaptação a escola.

O Tomas e um puro menino cristal. Tem já 5 anos, mas quem o conhece, apercebe-se das, ainda, existentes dificuldades na fala. Prefere comer fruta e legumes do que carne ou peixe (para alem das famosas salsichas e dos famosos douradinhos ihihihi). Come cenouras e tomates, com o mesmo prazer que um chocolate. Não gosta de multidões e mostra-se sempre bastante sensível aos barulhos dos electrodomésticos e afins.

A professora pediu-me para falar com ele e para implementar um esquema de recompensas, sempre que ele fizesse as actividades na escola, como os outros meninos.

Assegurei-lhe que falaria com ele. E assim o fiz.

Uma coisa que aprendi na minha vida enquanto mãe, foi que ninguém conhece melhor os nossos filhos do que nos, as suas mães. Nos, aquelas, que acredito que eles escolheram, por sermos capazes de os ajudarmos e ao mesmo tempo, termos em nos, as fraquezas que eles precisarão de ultrapassar, enquanto seres humanos.

Não concordo em nada com o sistema de recompensas, nos termos que me foi apresentado. Como ser humano e como mãe, não quero pedir ao meu filho que aprenda algo que ele não quer. Isso seria ir contra tudo em que cada vez mais acredito. Acredito que nos devemos guiar pelo que realmente sentimos que queremos. E ele esta numa fase de não querer aprender o que quer que seja que a professora lhe esteja a querer ensinar. Talvez ela não se tenha apercebido que ele esta a aprender inglês, antes de aprender as letras e os números. Afinal ele acabou de fazer 5 anos há um mês...Pelo Amor de Deus, deixem-no brincar!!!

A escola aqui e obrigatória aos 4/5 anos, por isso todo o processo foi gradual e normal, devido a idade dele, mas também muitíssimo penoso, para ele e para mim. Lembro-me de uma amiga, me ter relembrado para o imaginar a ir para a escola a rir. Tinha-me esquecido do quanto a nossa mente pode ser poderosa. Ainda que saibamos das coisas, as vezes, as emoções são responsáveis pela falta de clarividência, das nossas acções e comportamentos.

Sinto-me extremamente grata a Deus, por nos ter trazido ate aqui, a mim, que vim sem receios e ao meu filho João, um puro menino Índigo, que acabou por abrir caminho para o Tomas. E quem conhece a historia do João, sabe do que falo. O Tomas tem 4 adultos profissionais em diferentes áreas a trabalhar com ele. (Ao escrever esta ultima frase, senti-me ainda mais inspirada, a colocar mais acção nas minhas actividades, cá em casa, com o Tomas.) O Tomas tem a professora, uma professora de apoio ao inglês (4 horas por semana), uma SNA (assistente para necessidades especiais, que trabalha como sendo uma ponte entre ele e a professora, e que apesar de não lhe ter sido atribuída, a escola tem possibilidade, este ano, de a ter para quando ele precisa) e a terapeuta da fala (uma hora por semana).

Não me acredito que uma criança com as mesmas características do Tomas, em Portugal, tenha todo este tipo de ajudas, e sem muito menos pagar um único euro. Reafirmo, sinto-me extremamente grata a Deus.

Ainda assim, não vou pedir ao meu filho que queira mudar o que ele esta a sentir. Não lhe vou dizer que queira aprender mais e melhor, ou com mais afinco. Não o vou pressionar. Acredito que cada um de nos, tem o seu próprio tempo de aprendizagem e que cada um de nos nasceu com um dom especifico.

O Tomas adora cozinhar e ajudar o pai nas tarefas ''ditas'' de homens. Por isso, resolvi antes inspira-lo a querer aprender a ler e a escrever. Expliquei-lhe que a escola dele, aos meus olhos, e apenas, um sitio onde ele tem amigos para brincar e onde ele pode aprender a ler e a escrever, para ajudar-me nas leituras das receitas e nas actividades com o pai.

Ontem a professora veio ter novamente comigo a dizer-me que ele tinha trabalhado imenso e que ela estava muito contente com ele.

Não precisei de lhe dar nada em troca para ele fazer o que eu acredito que e importante fazer. Apenas a motivação certa. Procurei nele o que ele gosta e inspirei-o a querer apenas aprender mais sobre o que ele já gosta. Tão simples como isso. A recompensa que lhe dei? A própria alegria dele em querer aprender pelos motivos certos.

Não e isso que todos queremos? Quando aprendemos algo que realmente queremos, não custa estudar. O importante e percebermos o que gostamos de fazer na vida. O Tomas, bem, para já, ele gosta de cozinhar e aspirar e serrar madeira e fazer furos.

O que tem isto a ver com o facto de eu estar afónica? O facto de ter sentido que queria ter uma reunião com a escola do Tomas e depois ter desistido de o fazer, explicando-lhes que se ele não quiser aprender o que a escola lhe quer ensinar, que por mim estará tudo bem. Que acredito que cada criança tem o seu tempo de aprendizagem e que não nascemos todos para sermos engenheiros e doutores. Mais, que apenas quero que os meus filhos sejam felizes. Sejam eles o que forem profissionalmente, apenas lutarei para que eles adorem as suas profissões, tal como eu adoro a minha.

(PS. Já pedi a professora uma reunião para daqui a 2 semanas.)

 

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